terça-feira, 16 de outubro de 2012

No escape from reality






Is this the real life?
Is this just fantasy?
Caught in a landslide
No escape from reality
(...)
Nothing really matters
Anyone can see
Nothing really matters
Nothing really matters to me
                (Bohemian Rhapsody - Queen)






Não que eu odiasse o dia, mas preferia a noite. E sair à noite para um passeio sem destino sempre foi mais que um hobby, talvez uma paixão inexplicável. Eu só colocava meus fones de ouvido, com uma música dramática ou com guitarra pesada, e saía. Pra ouvir o som; ver o mundo; sentir o que quisesse.
Resolvi pegar um ônibus. Não sei o que houve comigo, foi só uma vontade enorme e incontrolável de relembrar os tempos do colégio. Então fui à estação e, ao som de Freddie Mercury esbanjando sabedoria em “Bohemian Rhapsody”, peguei o primeiro ônibus que me pareceu interessante. Sem nem sequer me dar ao trabalho de ler o letreiro e descobrir para onde estava indo, entrei e sentei-me bem no fundo: onde poderia ver as coisas acontecendo.
Lá fora começava a chover; e o vidro, embaçado, dava um aspecto engraçado às coisas. Os postes de iluminação mais próximos pareciam grandes borrões de luz; enquanto os distantes se assemelhavam a pequenas estrelas. Uma mãe andava apressada, segurando a filha pela mão. Um velho senhor caminhava com as mãos no bolso. Um jovem escondia o rosto com o capuz da blusa de frio, tentando se proteger da chuva que começava a cair mais forte.
Dentro do ônibus, era silêncio. As pessoas simplesmente desciam, enquanto outras embarcavam. Todas com a mesma expressão de frustração, todas exibindo a velha carranca de dias chuvosos. E eu me peguei a pensar que talvez, dias chuvosos sejam aqueles em que as pessoas escolhem  por unanimidade e por não haver perigo de contrastarem com a paisagem  para mostrar o que verdadeiramente são.
Meramente existindo, sem viver como se deve, algumas pessoas acabam esquecendo que ser feliz não é obrigação nem necessidade. Mas um presente.

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