Lutei contra meus sentimentos da mesma maneira que Dom
Quixote lutou contra o moinho: em vão. Jamais conseguirei, porém, fazer de
conta. Até de conta não consigo parar de sentir a realidade; essa realidade nossa,
que devaneio sozinha, sem deixar você saber.
Aguardo com impaciência o dia da sua chegada que nunca
chega.
Malditos sejam os acontecimentos que dão-me esse nó no
estômago; tão bem apertado; tão bem entrelaçado, tão indigesto e indecente. E,
em meio ao desconexo elo que há entre nós, existimos – ao mesmo tempo
– unidos e
afastados pelas casualidades de nossas indagações.
Encontrei todas as razões, e mais algumas, para dizer com
franqueza: quero você bem longe de mim. O mais distante possível. Para que o
meu sentimento possa atravessar o mundo e encontrar-te; só pra eu finalmente ter
a certeza de que vale a pena tentar.
Não sou tão corajosa a ponto de enfrentar dragões, nem
tão ingênua para enxergá-lo num moinho. Mas sei ser realista: e a realidade
diz que vale a pena insistir. É o que farei.
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