Sob as lágrimas que derramei e as imbecilidades que
cometi, está enterrado. Embaixo dos gramados ressequidos desse cemitério de
lembranças que jamais passaram de fantasias que criei.
O grito se calou. O pranto secou. O momento se acabou.
O anjo, que sobre a lápide habita, foi testemunha do
apodrecer dos sentimentos daquele pobre coração recusado. Que morreu, depois foi
enterrado para ser esquecido. E por ter sido esse o único modo de exílio da dor, não
recorreu de sua sentença. Aceitou-a de bom grado, com a verdadeira serenidade
de um inocente: pagando por um delito que nunca chegou a cometer.
Os planos se desfizeram com a velocidade de um vendaval. E
o furacão foi embora, depois de ter passado todo esse tempo se fazendo de brisa
mansa. Assim sendo, aqui jaz um coração; cansado de ambicionar excêntricas
impossibilidades. Fatigado de amar as entrelinhas. E esgotado por ter chorado
de uma só vez, todas as lágrimas que guardou para quando fossem indispensáveis.
O epitáfio não traz arrependimentos pela audácia ou pela imprudência,
mas se permite sugerir que não existem anestésicos para dores tão intensas. Nem
camuflagens para feridas que ainda não se cicatrizaram.
Aqui jaz um coração, que entorpecido se foi, na esperança
de encontrar uma terra onde pudesse entregar-se sem ser abandonado.
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