Meus olhos já viram muito do mundo. Luz, sombra; medo,
alegria; ausência, saudade. Não duvide do que sou capaz de sentir. Não
subestime as minhas emoções.
Apesar de tudo, ainda há vezes
em que me pego cega diante da situação, como se tateando no escuro com medo de
esbarrar em alguma coisa potencialmente frágil. Meu coração outrora indeciso,
finalmente se resolveu: quer mais de mim, menos do que não é meu.
O passado ainda fala comigo,
sussurra coisas: mas tenho a leve impressão de o estar ignorando. Experiência
adquirida nem sempre é uma boa conselheira. Acho que simplesmente deixei de me
guiar pelo que pode parecer difícil demais de suportar. O cansaço não passa,
fico nesse desânimo disfarçado. Faço de conta que não me importo, mas isso me
corrói. Olhos fundos, esquecidos em meio a olheiras. Lê-se em meu rosto abatido
que as forças estão esvaindo-se lentamente. Eu aqui, no meu canto, nem vazia e
nem cheia: estagnada, vendo o mundo desse meu jeito meio torto.
Sozinha agora, arquiteto
planos em minha mente. Penso, repenso – para no fim concluir o de sempre: as
coisas não vão ser como planejei. Nunca foram. Eu só queria sentir aquele gosto
de surpresa boa, que dá frio na barriga só de pensar. Acho que sonho demais,
realizo de menos. O estranho é essa minha mania de não desistir de tentar. Quem
sabe seja um defeito...
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